Tetracampeão da Fórmula 1, extremamente talentoso, mas com agressividade e impulsividade excessivas?
O piloto belga Max Verstappen, que corre com licença holandesa, é sabidamente um dos grandes pilotos da Fórmula 1. Seu talento é inquestionável, mas ao mesmo tempo seu gênio intempestivo o faz um risco para os demais, com suas manobras agressivas, e por vezes até irresponsáveis.
O piloto desembarcou na categoria em 2014 pela equipe Toro Rosso, sendo o mais jovem a estrear na Fórmula 1 com 17 anos; fato que inclusive fez com que a categoria mudasse as regras de idade mínima para competir na classe máxima. Logo na sua segunda participação (GP da Malásia terminou na sétima colocação, e somou seus primeiros pontos da carreira.
O seu talento extraordinário, aliado a juventude e impetuosidade, logo iriam gerar o primeiro acidente. No GP de Mônaco de 2015, bateu na Lotus de Romain Grosjean nos treinos de qualificação. Foi punido em cinco posições por ter causado o acidente, e o brasileiro Felipe Massa, o qualificou como perigoso. Em 2016, ainda na Toro Rosso, brigou com a equipe pelo rádio porque se incomodava com seu companheiro de equipe na época, Carlos Sainz, que não lhe deixava ultrapassar.
Ainda naquele ano foi alçado a Red Bull, no lugar de Daniil Kvyat, e na estreia na Espanha venceu, se tornando o mais jovem a conquistar uma vitória na F1. Com o carro muito mais competitivo que a Toro Rosso, passou a brigar pelas primeiras posições, e ao mesmo tempo criar confusões.
No GP da Bélgica, Verstappen colidiu com Räikkönen na primeira curva, empurrou Vettel, Räikkönen e Pérez para fora da pista na Les Combes e bloqueou agressivamente Räikkönen na reta Kemmel. O finlandês criticou a maneira do piloto da Red Bull se defender, e declarou que ele mais cedo ou mais tarde ele iria causar um grave acidente.
Em outubro daquele ano a FIA preocupada com o modo de pilotar do holandês, proíbe a movimentação durante as frenagens. No GP Brasil foi a vez de Sebastian Vettel reclamar, e acusou Verstappen de tê-lo empurrado para fora da pista na curva da Junção. Os comissários decidiram que fora um lance normal de corrida.
Em 2017, viria a segunda vitória no GP da Malásia. A terceira vitória viria no GP do México, superando Sebastian Vettel na largada, mostrando determinação, mas ao mesmo tempo agressividade excessiva, por vezes forçando o adversário para fora da pista para não baterem.
Em 2018, nas seis primeiras provas daquele ano esteve envolvido em incidentes em todas elas. O incidente mais impactante foi no Arzeibaijão, quando na tentativa de impedir seu companheiro de equipe, Daniel Ricciardo de ultrapassá-lo, bloqueou o australiano que colidiu violentamente contra a traseiro do seu carro.
No GP do Brasil liderava a corrida, e bateu com Esteban Ocon. Após a prova visivelmente irritado agrediu o francês com empurrões, e acabou sendo obrigado a realizar dois dias de serviços comunitários. Cansado de ver o favoritismo dentro da equipe para Verstappen, Ricciardo deixa a equipe, e desde então o holandês nunca mais teve um companheiro de equipe que o incomodasse.
Sem rivais dentro de casa, sua agressividade se viraria contra o britânico Lewis Hamilton, então dominante com os Mercedes. No GP da Itália de 2021. ao tentar superar Hamilton na Variante del Rettifilo, bate na roda traseira da Mercedes e termina sobre o carro do britânico, que se salvou graças ao Halo.
Verstappen foi duramente criticado, porque ao sair do carro sequer foi ver se o rival estava bem. Depois ainda disparou que quem o criticava era hipócrita, já que Hamilton havia batido nele em Silverstone e ninguém havia dito nada. No final daquele ano, Max conquistaria seu primeiro título, após decisão controversa do diretor de prova Michael Masi em Abu Dahbi.
Agora as atitudes controversas tem ocorrido com os pilotos de McLaren e Mercedes. Com Lando Norris na Bélgica em 2024, o então tricampeão errou, mas esperou o McLaren do britânico passar para bater propositalmente.
A punição recebida foi somente de 10 segundos. Neste último final de semana na Espanha, a equipe havia errado a estratégia de pneus, e após ser superado por Leclerc, o seria também por George Russell. Ao ser informado pela equipe que deveria deixar Russell passar, por ter cortado caminho, se irritou. Primeiro ameaçou deixar o piloto da Mercedes passar, mas reacelerou e bateu propositalmente contra o carro do adversário.
A FIA mais uma vez foi branda na punição, e lhe penalizou com dez segundos por atitude anti-desportiva. Curiosamente no GP anterior em Mônaco, Russell, que havia cortado propositalmente a chicane, foi punido com um drive-through. Muitos tem alertado que a entidade máxima é muito tolerante com o tetracampeão, que deveria ter sido desclassificado da prova da Espanha.
O piloto holandês, sempre guia no limite do regulamente, e os comissários não conseguem aplicar as regras. Verstappen recebeu além dos dez segundos, mais três pontos na sua superlicença, e se cometer mais algum incidente e receber um ponto será imediatamente suspenso em uma corrida.
Verstappen atua frequentemente na “zona cinzenta” do regulamento, e os comissários nem sempre conseguem (ou querem) fazer a conexão entre os incidentes. Fica patente pela recorrência do comportamento, que Verstappen sabe que raramente será punido com rigor. Depois da corrida ironizou aos que o criticaram, e disse que na próxima vez trará um lenço.